Por Ana Inês
Repórter mãe de Íris, Davi e Caio
Desde que nascemos querem nos fazer de jóias “que lindo rostinho, um pezinho tão pequenino, um olhinho miúdo…” Aos três a situação é a mesma, nos ensinam os bons hábitos e as palavrinhas mágicas, nos mostram para todos em perfeição e, mais tarde… nada do que fazemos é correto, tudo instiga a lapidação de nós mesmos. Sempre temos que melhorar em alguma coisa, mudar um comportamento, uma resposta errada e a impressão sobre a futilidade de tudo o que fazemos.
Acho que meu mundo está às avessas: os pais não são perfeitos. Me surpreendi querendo moldar meus filhos, num padrão que eu mesma criei com o tempo. Será que é justo? Esse é meu modelo de mãe?
Hoje sinto a dor da minha inquietação, a minha inconformidade…talvez por não aceitar quando o filho reage às nossas imposições. Querer que ele coma a fruta que ofereço, que tome banho no exato momento, que diga sim, ou diga não.
Por isso, se publiquei os elogios poéticos de Íris num dia, por que não dar o mesmo espaço à opinião contrária de Davi, hoje, ao estar tão chateado comigo? Me vi num dos episódios da série Menino Maluquinho, quando em um certo dia a mãe é a melhor do mundo e, no dia seguinte, passa a ser a pior mãe do mundo.
O que fazemos em nosso extremo, quando o sol se põe e nos vemos tateando sem caminho certo? Não é esse meu estilo materno…prefiro conversa às agressões. resolvi deixá-lo pensar nas respostas chatas dele também e perceber o quanto perdemos quando, não cumprimos nossa responsabilidade ou magoamos outra pessoa. Minha solução foi estar exatamente aqui, reconhecendo o lado dramático da maternidade na 2ª infância. Enquanto para mim, restou a angústia de não saber como lidar em determinadas situações, pra ele ficou o peso de perder algo de muito valor: ficou sem o futebol e sem o campeonato do final de semana.
– “agora sustente a palavra”, retrucou Daniel , que também avaliou nosso estilo paterno.
Hoje, pra agravar ainda mais a situação, que espelha minha atitude imatura, Íris acaba de me perguntar sobre o que eu estou escrevendo. Escrevo sobre o repúdio à violência contra as crianças.
Grande desafio para nós mesmos: está lançada a ideia de NÃO à VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS, das palmadas a quaisquer castigos físicos à frustração moral.
Oi Anita, me solidarizo com você. Enrique está entrando em uma fase difícil, do conflito, dos questionamentos, da birra. Por outro lado, ainda é um bebê no que diz respeito a sua capacidade de discernimento, de compreensão total do que é certo ou não, dos porquês que os pais impõem. Até agora consegui me manter firme, sem perder a ternura, como diria Che. Mas é difícil, muito difícil, evitar uma atitude mais “agressiva” diante das petulâncias infantis. O certo é que estamos sempre buscando o melhor para eles, não? Mas será que nós sabemos mesmo o que é melhor para eles? Será que, como você disse, o nosso padrão de o que é certou ou errado é o certo?? Ah, Anita, uma das maiores dificuldades da maternidade é a conseguirmos definir os limites, para que possamos estabelecê-los.beijos!
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Querida Ana, Adorei a sensibilidade de tuas palavras, que bem descrevem situações tão nossas, com nossos filhinhos…Acredito que eles vêm não só para que os ensinemos, mas, sobretudo, para que aprendamos com eles a arte da coerência e, ainda, quão simples pode ser viver-amar-ser feliz. É muito linda a tua forma de escrever o que se passa pelo nosso coração de mãe, nossas certezas, dúvidas, inquietações, alegrias…Como diria Roberto Carlos: “são tantas emoções”muitos beijos e sucesso, na arte de amar e ser-coerenteluz e paz Iraímãe da Letícia (20) e Maíra(8)
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